quarta-feira, 18 de abril de 2012
JOAQUIM PESSOA, in OS OLHOS DE ISA, (ed Esp. Litexa, 1982)
[NENHUMA MORTE APAGARÁ OS BEIJOS]
Eu estava tão perto de ti que tenho frio ao pé dos outros.
Paul ÉLUARD
Nenhuma morte apagará os beijos
e por dentro das casas onde nos amámos ou pelas ruas
[clandestinas da grande cidade livre
estarão para sempre vivos os sinais de um grande amor,
esses densos sinais do amor e da morte
com que se vive a vida.
Aí estarão de novo as nossas mãos.
E nenhuma dor será possível onde nos beijámos.
Eternamente apaixonados, meu amor. Eternamente livres.
Prolongaremos em todos os dedos os nossos gestos e,
profundamente, no peito dos amantes, a nossa alma líquida
[e atormentada
desvenderá em cada minuto o seu segredo
para que este amor se prolongue e noutras bocas
ardam violentos de paixão os nossos beijos
e os corpos se abracem mais e se confundam
mutuamente violando-se, violentando a noite
para que outro dia, afinal, seja possível.
*
Artwork: Last kiss, por Adam Martinakis
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário